terça-feira, 9 de agosto de 2011

Chico Buarque na Feira do Livro

Por Augusto Pacheco da Agencia Pará


   Quais as relações possíveis entre a música e a literatura na obra de Chico Buarque de Hollanda? Como a força da Música Popular Brasileira pode atrair a curiosidade na formação de novos leitores? Estas e outras questões estão na pauta do Ciclo Literatura e Música, que acontece durante XV Feira Pan-amazônica do Livro no dia 3 de setembro, no Café das Letras, com a palestra da escritora Maria Stella Pessôa.

   “Nosso objetivo é despertar o interesse da literatura brasileira e mundial por meio da ligação entre o livro e a música de grande penetração popular, no caso, das composições de Chico Buarque”, explica Maria Stella Pessôa, que vem realizando ensaios e pesquisas sobre a obra do compositor, com publicações inseridas no site oficial do artista.

   Na identificação dos paralelos entre a produção literária e a música popular, temos vários exemplos, entre eles a obra de Carlos Drummond de Andrade (Quadrilha). Em 1975, Chico Buarque e Paulo Pontes fizeram uma peça chamada “Gota d'água”. Uma das músicas, que mais tarde seria gravada para um disco da Bibi Ferreira, chamava-se "Flor da Idade" e claramente trazia um diálogo com Drummond no trecho: “Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava / a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha”.

   Na obra de Gonçalves Dias (Canção do Exílio), a intertextualidade pode ser observada na parceria entre Chico Buarque e Tom Jobim em “Sabiá”, composta para o III Festival Internacional da Canção em 1968, e vaiada injustamente em comparação equivocada com uma canção de Geraldo Vandré. Em “Sabiá”, Chico evoca o exílio com o texto original de Gonçalves Dias.

   Outro bom exemplo é a canção “Impossible Dream”, de Mitch Leigh e letra de Joe Darion, com base no romance Dom Quixote, de Miguel Cervantes para o musical O Homem de La Mancha. A versão der Chico Buarque e Ruy Guerra, é mais curta e ganhou força na voz de Maria Bethânia.

   As interfaces entre a música de Chico Buarque e a literatura também podem ser observadas nas aliterações e neologismos encontrados na obra de Guimarães Rosa em “Pedro Pedreiro”, José de Alencar em ‘Iracema voou’, Sérgio Buarque de Hollanda em ‘Cobra de vidro’, entre outras canções que serão citadas durante a palestra da escritora.

   Chico Buarque, mais conhecido como músico e compositor, mantém sua verve literária desde os anos 60. Ainda adolescente, publicou suas primeiras crônicas no Verbâmidas, jornal do Colégio Santa Cruz e o conto “Ulisses” no jornal O Estado de São Paulo, incorporado depois no primeiro livro, chamado “A banda”, que trazia manuscritos de suas primeiras canções.

   Nos anos 70 é publicada a novela “Fazenda Modelo” e “Chapeuzinho amarelo”, e na década seguinte “A bordo do Rui Barbosa”, poema ilustrado por Vallandro Keating. A partir dos anos 90, a produção musical literária ganha adaptações cinematográficas: Estorvo (1991), Benjamim (1995), Budapeste (2003). Seu último romance, Leite derramado (2009), marca a nova fase do Chico escritor.


Serviço:
XV Feira Pan-amazônica do Livro
De 2 a 11 de setembro no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.

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