segunda-feira, 17 de outubro de 2011

‘Anjo Negro’, de Nelson Rodrigues, no Teatro Cuíra

 Preconceito, adultério, jogos psicológicos e inúmeras mortes são alguns dos elementos que compõem a tragédia “Anjo Negro”, de Nelson Rodrigues, que será encenada em Belém, de 27 a 30 de outubro, no Teatro Cuíra, pela companhia Teatro Mosaico, de Mato Grosso.

   Escrita em 1946, Anjo Negro sintetiza uma gama de signos, desvelados em diversas circunstâncias, e que vão se desdobrando  ao longo da trama. Temas como vida e morte, preconceito, complexo racial, violência e paixões norteiam toda a encenação, marcada pelo conceito da ambigüidade em toda a encenação.

   As linhas gerais da encenação estão calcadas na capoeira e na dança contemporânea, como  trabalho de base para a preparação dos atores, sobretudo no gestual, onde tudo na cena é criado em função de valorizar o verbo rodrigueano.

   A cenografia é funcional e simbólica, abrindo mão de uma ambientação realista. Em cena, o elenco contará apenas com uma estrutura de metal, que remeta a uma cama de casal, com cerca de dois metros de altura.

   Assim como o duplo sentido do próprio título da peça, este cenário, simbolicamente se multiplica em várias outras metáforas e ambientes de “Anjo Negro”. Ora é uma cama de casal, ora um mausoléu, ora um andor de santo em procissão e tudo aquilo que o espectador conseguir e quiser  imaginar.

   A concepção dos figurinos  busca referências míticas para  criar indumentárias sofisticadas e visualmente marcantes, assim como as palavras e as imagens construídas por Nélson Rodrigues. O diferencial é a tentativa de fazer uma leitura atemporal dos personagens rodrigueanos.

   A vestimenta também tem uma funcionalidade cênica, considerando que o elenco interpreta  diversos papeis.  Por conta do gestual fortemente coreografado, o espetáculo requer figurinos cujas roupas tenham um corte que não limite as movimentações  e o gestual dos intérpretes.

   A iluminação cênica se vale de cores e efeitos que remetam a fachos de luzes, como os raios de sol que perpassam os vitrais das catedrais. Ainda somando aos aspectos religiosos da obra, as músicas do espetáculo são ladainhas de procissões e cantos sacros.

   Toda a sonoplastia é realizada ao vivo pelos próprios atores, utilizando alguns instrumentos melódicos e percursivos, mas, especialmente, os ruídos sonoros são extraídos de objetos alternativos como ferros, vidros ou madeira para somarem ainda mais à atmosfera de suspense sempre presente  na peça.


A Companhia

   Essa é a segunda vez que o Teatro Mosaico se apresenta em Belém. Em 2010, a companhia levou os espetáculos Sambalelê e Romeu e Julieta ao Teatro da UFPA.

   Fundado em 1995, na cidade do Rio de Janeiro e hoje com sede na capital matogrossense, Cuiabá, Teatro Mosaico tem no repertório “Muito Barulho Por Nada”, de William Shakespeare; “A Caravana da Ilusão”, de Alcione Araújo; “A Menina e o Vento”, de Maria Clara Machado.

   Com mais de 15 pessoas na produção, “Anjo Negro” tem patrocínio do Banco da Amazônia e integrou a Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba 2011, considerado um dos festivais de maior visibilidade da America Latina.



SERVIÇO:
Peça teatral “Anjo Negro”, da Companhia Teatro Mosaico (MT)

Data: 27, 28, 29 e 30 de outubro
Horário: 20h
Local: Teatro Cuíra - Rua Riachuelo, esquina com a Rua 1º de Março
Ingressos: R$ 20 (meia para estudantes)
Informações:             (91) 8863 3362        | Site: www.teatromosaico.com.br

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